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Capítulo 7 :  Família Fenômeno Social Empty Capítulo 7 : Família Fenômeno Social

Qui Ago 16, 2018 8:51 pm
Capítulo 7 : Família Fenômeno Social


Família: não apenas um grupo, mas um fenômeno social
As famílias são consideradas grupos primários, nos quais as relações entre os
indivíduos são pautadas na subjetividade dos sentimentos entre as pessoas.

Na Família que se dá início ao processo de

socialização, educação e formação para o mundo
Considerando-se que a vida social é algo fundamental à existência e
sobrevivência dos seres humanos enquanto indivíduos, é na família que se dá
início ao processo de socialização, educação e formação para o mundo. Os
grupos familiares caracterizam-se por vínculos biológicos, mas sua constituição
ao longo da história em todos os agrupamentos humanos não se limitou apenas
ao aspecto da procriação e preservação da espécie, mas tornou-se um fenômeno
social.

As famílias são consideradas grupos primários, nos quais as relações entre os
indivíduos são pautadas na subjetividade dos sentimentos entre as pessoas, fato
que justifica, muitas vezes, o amor existente entre pais e filhos adotivos, logo sem
relação consanguínea. Assim, os laços que unem os indivíduos em família não se
sustem pela lógica da troca, da conveniência do relacionamento a partir de um
cálculo racional como que em um contrato no mundo dos negócios em que cada
parte vê vantagem na relação existente, constituindo um grupo formal. Ao
contrário, a família é um grupo informal, no qual as pessoas estão ligadas por
afeto e afinidade, e que por conta deste sentimento criam vínculos que garantem
a convivência (em um mesmo local de residência, por exemplo), além da
cooperação econômica.

Mas o que dizer dos inúmeros problemas familiares que tanto se ouve falar ou
mesmo que se pode enfrentar no dia a dia? As respostas para esta pergunta são
várias, assim como o grau de complexidade de cada uma pode variar. Porém, de
maneira muito simplista, até certo ponto, é possível afirmar que a gênese dos
conflitos familiares está no momento em que as bases da união (que justifica o
tipo de relacionamento e de ligação) deste grupo começam a ser minadas pelo
despontar das personalidades, das opiniões diferentes, da individualidade de

cada membro, o qual não abre mão daquilo que lhe é particular (enquanto
indivíduo) em nome da família. Para ilustrar, basta pensar nos conflitos existentes
em famílias com jovens adolescentes os quais, neste momento em que deixam a
infância para entrarem na vida adulta, tornam-se muito mais críticos aos valores
dos adultos que o cercam, muitas vezes cogitando até mesmo, de forma
impulsiva, abandonar o lar. Logo, nada mais natural do que os choques de
geração e conflitos entre pais e filhos neste sentido, o que não significa uma
desestabilização definitiva da família. Assim, a despeito disso, os vínculos
construídos para além do biológico permanecem.

Mesmo que por motivos quaisquer os indivíduos venham a se separar, não mais
residindo no mesmo local, obviamente continuam a constituir uma família,
principalmente no aspecto legal. Por isso mesmo, embora se tenha dito aqui ser a
família um grupo informal, é fato que com a complexalização da sociedade
(principalmente a sociedade ocidental) ocorreu uma espécie de formalização dos
vínculos familiares. O Estado passou a regulamentá-los, criando um aparato legal
que rege não apena as relações entre cônjuges, mas também entre pais e filhos.
Isso se torna evidente principalmente quando se trata de questões ligadas a
direitos sobre heranças, patrimônios, tutela de menores, pensões, entre outros
casos, bem como na expedição de documentos como certidões de casamento
(formalizam o vínculo) e nascimento (formalizam a paternidade).

Embora um fenômeno social presente em todas as culturas, obviamente os
grupos familiares e as relações de parentesco não possuem as mesmas regras e
convenções, manifestando-se de formas peculiares a depender dos costumes de
um determinado povo ou sociedade. Logo, há uma relação direta entre padrões
familiares de comportamento (expectativa de papel social de cada indivíduo, pai,
mãe, filhos, avós, etc.) e os códigos morais vigentes, os quais também são
construídos socialmente ao longo do tempo. Um exemplo claro está na forma
diferente como monogamia e bigamia são vistas mundo a fora. Da mesma forma,
o padrão cultural vigente vai determinar as relações de poder existentes entre os
membros familiares, variando-se os tipos de autoridades existentes entre
patriarcal (quando os pais de família exercem o poder de mando e controle),
matriarcal (quando as mães assumem o mando) ou paternal (quando a
autoridade é mais equilibrada entre os cônjuges).
Além disso, é importante considerar que ao longo do tempo a estrutura de
organização da família pode sofrer alterações dentro de uma mesma cultura, uma
vez que as transformações nos padrões familiares são consequência direta das
transformações sociais, econômicas e políticas. Prova disso estaria no
desenvolvimento do modo de produção capitalista, pois com a necessidade de
mão de obra, criaram-se condições para a inclusão da mulher no mercado de
trabalho, fato que contribuiria para mudanças em seu papel social.

Assim, há uma questão que se coloca na contemporaneidade: Diante de tantos
divórcios, casamentos tardios e pessoas mais velhas morando ainda com os pais,
ou mesmo vários casamentos ao longo da vida unindo-se filhos de
relacionamentos anteriores, a família enquanto instituição estaria
desaparecendo? Na tentativa de esboçar uma resposta, talvez possamos afirmar
que, obviamente, aquele sentido mais tradicional da palavra estaria sim em
extinção. Porém, tomando a família enquanto grupo e fenômeno social, é possível
dizer que ela passa por uma forte reestruturação.

O que está em declínio é a ideia de uma família composta por um casal
heterossexual na qual, enquanto a mulher se restringe à esfera privada
dedicando-se exclusivamente aos afazeres domésticos, ao homem cabe a esfera
pública, da rua, do mundo do trabalho. Neste padrão tradicional de família, a
união entre os cônjuges era marcada, predominantemente, pela cerimônia
religiosa do casamento, independentemente da religião, fato que contrasta com
as uniões muito frequentes e pouco duradoras de agora, consequência direta do
temor em relação ao compromisso mais sério, principalmente pelos jovens.
Também como sinal dessa reformulação dos padrões e arranjos familiares estão
as famílias que se iniciam com casais homossexuais, o que acaba por gerar
polêmica não apenas pelo fato da união em si (dados o preconceito e a
intolerância existentes), mas também quando se cogita a adoção de crianças por
eles, uma vez que no imaginário de boa parte das pessoas prevalece a ideia de
uma família na qual os pais têm sexos diferentes. Nestes novos padrões
familiares, além da conquista de uma maior independência pelas mulheres (em
vários aspectos), elas casam-se e tornam-se mães agora com mais idade, além
de terem um número de filhos extremamente reduzido quando comparado aos
níveis de décadas passadas.

Dessa maneira, é importante considerar que, se a família é a base ou início do
processo de socialização dos indivíduos, o que se torna fundamental é que ela
seja estruturada de tal forma que o relacionamento entre seus integrantes seja
pautado na harmonia e respeito entre seus pares, dada a importância e influência
que tal grupo exerce na vida de cada um. Logo, ao pensar na família enquanto
grupo não se trata aqui de fazer uma apologia ao modelo do passado ou ao do
presente, mas de propor a reflexão quanto aos desdobramentos de sua
conformação e de suas transformações, uma vez que suas características
refletem a sociedade de seu tempo, o que faz dela (da família) um fenômeno
social.
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