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Capítulo 1 : 17 anos dos ataques às torres Gêmeas. Empty Capítulo 1 : 17 anos dos ataques às torres Gêmeas.

Qui Ago 16, 2018 9:09 pm
Capítulo 1 : 17 anos dos ataques às torres Gêmeas.


17 anos dos ataques às Torres Gêmeas
SOCIOLOGIA
Para compreender os ataques às Torres Gêmeas, realizados no dia 11 de
setembro de 2001, é preciso primeiro entender a antiga e conturbada relação
entre Ocidente e Oriente.

Osama Bin Laden, o responsável pelo ataque às Torres Gêmeas
Há exatamente doze anos o mundo assistia de forma perplexa o desabamento
das famosas Torres Gêmeas, o Word Trade Center, após os choques
consecutivos de dois aviões comerciais. Não se tratava de um mero acidente
aéreo – o que muitos podem ter pensado após o choque do primeiro avião – mas
sim da execução de um plano encabeçado por Osama Bin Laden. Somando-se
os dois ataques às Torres, ao ataque ao Pentágono e ao avião que caiu na
Pensilvânia no mesmo dia, quase três mil pessoas morreram. Desde aquela
manhã de 11 de setembro de 2001, não apenas a história dos Estados Unidos,
mas a de todo o mundo, nunca mais seria a mesma.

Mas para compreender um pouco melhor o que foi o “Onze de Setembro” é
preciso considerar, pelo menos em linhas gerais, o tipo de relação construída
décadas antes entre Oriente e Ocidente, fato que fomentaria o ódio de grupos
radicais e fundamentalistas. Como se sabe, o século XX foi marcado pelo pleno
desenvolvimento do capitalismo no mundo com seu coroamento como sistema
econômico dominante com o fim da Guerra Fria entre os anos 80 e 90. Dessa
forma, historicamente, as grandes potências mundiais localizadas no Ocidente
empreenderam cada vez mais o projeto de expansão de seus poderes
econômico, político e ideológico no mundo, vendo no Oriente uma oportunidade
de exploração, principalmente pelas características regionais: rica em reservas de
petróleo, além de uma posição estratégica geograficamente. Tanto pela luta
contra a expansão do bloco socialista no Oriente Médio (em plena Guerra Fria),
bem como pelo pretexto de proporcionar e financiar o desenvolvimento
econômico, a presença das potências ocidentais – em especial dos Estados
Unidos – foi se tornando uma realidade nessa região.

Contudo, é preciso que se diga que se esse objetivo dos países capitalistas
ocidentais em poder explorar o Oriente não é algo novo, da mesma forma não é
novidade o repúdio e a contestação da presença ocidental por parcelas da
população de vários países dessa região. Obviamente, a presença de outros
países deixa patente o enfraquecimento e a perda de autonomia e soberania de
uma nação. Em outras palavras, ficaria sugerido que a presença ocidental
prejudicaria os países do Oriente, uma vez que estes (assim como outros países
da chamada periferia do capitalismo) deveriam submeter seus interesses aos do
capital estrangeiro, ocidental. Além disso, naturalmente, no bojo do capitalismo
vem sua indústria cultural, assim como seus valores, os quais certamente iriam
na contramão da cultura e da tradição religiosa do Oriente, acirrando um
estranhamento do ponto de vista étnico.
Num primeiro momento, os esforços se concentraram no Afeganistão para a
desarticulação do regime talibã (apoiadores de Bin Laden, logo da Al Qaeda),
com um projeto, no mínimo contraditório, de impor a democracia como regime
político para aquele país. Em seguida, os Estados Unidos redirecionaram sua
estratégia de guerra, atacando o Iraque do ditador Sadam Hussein com o
propósito de também levar a democracia. Pelo menos em tese, a guerra contra o
Iraque se deu por conta do possível apoio de Sadam às organizações terroristas,
além de sua suposta propriedade e produção de armas nucleares (para
destruição em massa), acusação esta mais tarde desmentida. Assim, eram
países que compunham o eixo do mal.

Contudo, olhando criticamente não apenas o resultado, mas as condições do
desenvolvimento dessas ações dos Estados Unidos, especialistas afirmam que
nas entrelinhas desses empreendimentos contra o terror estava um projeto de
expansão e fortalecimento da hegemonia norte-americana no mundo e que tinha
a questão do combate ao terrorismo mais como pretexto do que como objetivo.

Passados dez anos, é possível fazer um breve balanço das transformações
ocorridas na ordem mundial, relacionando-as com esses famigerados ataques em
uma manhã de setembro em Nova York. Apesar de Osama Bin Laden estar morto
desde maio de 2011, e apesar de os Estados Unidos terem ocupado com relativo
sucesso o Afeganistão e o Iraque (aliás, com a captura de Sadam e sua
condenação à morte, posteriormente), a vitória americana não necessariamente
se configurou a contento.

Alguns trilhões de dólares foram (e ainda serão) desembolsados pelo governo
norte-americano em nome da guerra, o que, se somado à política econômica
nacional nos últimos anos, fez com que os Estados Unidos aumentassem
substancialmente sua dívida. As crises econômicas, como as de 2008 e 2011,
enfrentadas pelo país (e, obviamente, pelo mundo) contribuiriam para o

enfraquecimento da hegemonia americana, que agora divide espaço com países
em forte crescimento econômico como a China (isso sem falar no fortalecimento
de outros que compõem o BRICS, como o Brasil). Assim, o desvario por uma

caça aos terroristas, mas que tinha como real objetivo realçar o poder norte-
americano no mundo, resultou em um grande fracasso. De tal modo, os Estados

Unidos saíram diminuídos, menores do que quando entraram nas guerras. Em
outras palavras, ocorreu uma fragilização do imperialismo norte-americano
(embora seja incontestável que os EUA são e serão poderosos por um bom
tempo, dado seu poder bélico, tecnológico e financeiro no mundo), e uma
consequente rearticulação dos atores internacionais, com o surgimento de novos
blocos e da reorientação das relações entre os países.

Além disso, a luta contra o terror promoveu a exacerbação do xenofobismo, da
intolerância, da perseguição ao islamismo, assim como práticas polêmicas pelas
forças de Estado em nome de uma segurança e defesa nacionais. Prova disso
seria o lamentável equívoco cometido pelo governo inglês ao matar um brasileiro
(Jean Charles de Menezes) em 2005, por confundi-lo com um suspeito de
terrorismo.

De fato, alguns pontos merecem destaque: não houve outro ataque de mesmas
proporções que as do 11 de Setembro, e a Al-Qaeda realmente se fragilizou com
a morte de Bin Laden. Porém, isso não significa, infelizmente, que outros eventos
de cunho terrorista não venham a ocorrer. Afinal de contas, a forma como os
Estado Unidos intervieram apenas ampliou sua imagem negativa para o Oriente,
o que pode permitir que, para alguns, o discurso de grupos radicais e
fundamentalistas faça mais sentido do que nunca. Mesmo assim, pode-se pensar
numa avaliação menos pessimista quando se olha para a “Primavera Árabe”
(Revolução Política que tem transformado regimes como o Egito e a Líbia), uma
vez que os jovens do Oriente estariam percebendo a importância da luta política,
desinteressando-se por medidas radicais e de violência tão características dos
extremismos religiosos, fato que poderia diminuir adeptos aos grupos
fundamentalistas. Assim, menos jovens poderiam estar interessados em se tornar
pilotos suicidas em nome de Alá e do nacionalismo, mas sim compreendendo
outras possibilidades de luta.
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