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Qui Ago 16, 2018 8:20 pm
Capítulo 28 : Segregação Racial

Segregação Racial

Martin Luther King lutava contra a segregação racial
Claramente, a palavra segregação não deixa dúvida quanto ao seu significado
mais geral, quando pesquisamos no dicionário: separação; divisão a fim de evitar
contato; isolamento. Ao trazermos essa palavra para uma discussão de cunho
sociológico, é inevitável pensarmos nos desdobramentos negativos para a vida
social, principalmente do ponto de vista das hostilidades e conflitos sociais
gerados pela segregação em si. Podemos observar vários tipos de segregação
ao longo da história, os quais foram (e ainda são em alguns casos) motivados
pelos mais variados fatores.

Segundo Ely Chinoy, embora sejam muitas as circunstâncias que possam
influenciar na estrutura das relações entre indivíduos de grupos raciais e étnicos
diferentes, pelo menos três merecem destaque. O primeiro diz respeito ao
tamanho e ao número dos grupos, o que é fundamental para pensarmos em
minorias ou maiorias; o segundo ponto diz respeito às diferenças entre esses
indivíduos no aspecto físico e também cultural; finalmente, o terceiro aspecto diz
respeito à disputa por recursos e por melhores condições de sobrevivência entre
tais grupos, sendo que as maiorias almejam, dentro da estrutura social,
submeterem as minorias, para delas tirarem vantagem.

Se considerarmos o segundo aspecto apontado por Chinoy, nele se enquadra a
segregação racial, a qual diz respeito às diferenças físicas e, até certo ponto,
também culturais. Obviamente, os demais fatores como ser uma minoria e estar
em constante competição por recursos também devem ser considerados. A
segregação racial está embasada na intolerância gerada, muitas vezes, por uma
visão etnocêntrica de uma maioria em detrimento de uma minoria em um mesmo
território. O etnocentrismo vilipendia as formas de organização que se diferem
daquela que se tem por referência, gerando os mais diversos preconceitos.

Assim, a construção pelo senso comum de alguns estereótipos, isto é, da
rotulação de determinados grupos, é, em certa medida, um meio no qual o
preconceito consegue se sedimentar.

A segregação racial não é um fenômeno social novo, estando presente já dentre
as primeiras civilizações, as quais lançavam mão de organizações sociais regidas
por castas. Porém, em sociedades como a Índia esse tipo de estratificação social
ainda é uma realidade. No século XX, o mundo assistiu um dos maiores
genocídios já vistos, fruto da segregação racial e do preconceito oriundos do
regime nazista de Hitler, o qual foi responsável pela morte de milhões de judeus
em campos de extermínio. Para além da Ásia e Europa, podemos pensar em um
exemplo do continente africano. Embora a segregação nesse continente tenha
origem no processo de colonização, na África do Sul, ao longo de décadas,
prevaleceu o chamado regime de Apartheid, através do qual a segregação racial
entre brancos (europeus) e negros (africanos) encontrava amparo até mesmo na
lei. Uma fatia expressiva da população africana de cor negra era excluída de
vários direitos civis, sociais e políticos, ou seja, alienados de sua cidadania.
Porém, a transformação dessa realidade (que perdurou ao longo de boa parte do
século XX) se daria mais tarde pela luta política de Nelson Mandela. Da mesma
forma, é válido citar outros conflitos, mesmo que gerados menos por questões de
raça do que por diferenças étnicas, como os que ocorrem entre palestinos e
judeus, as lutas pela emancipação do povo basco no continente europeu, a luta
entre católicos e protestantes na Irlanda, o preconceito de franceses contra
imigrantes, além, é claro, daquele cultivado por norte-americanos em relação a
latinos, árabes e imigrantes em geral.
Ainda sobre a segregação racial, é fundamental discorrer sobre a forma como os
Estados Unidos lidaram e ainda lidam com o preconceito contra o negro. Para
que pudessem ter um presidente afro-descendente, muitas lutas foram
necessárias, como a de Martin Luther King, do próprio movimento contracultural,
do grupo político dos “panteras negras”, entre outros. Ainda assim, o preconceito
e a segregação, em maior ou menor grau, persistem naquela sociedade.

Se tomarmos o Brasil como exemplo, a segregação racial contra negros e índios
promovida por brancos desde os tempos de colônia foi decisiva na formação da
sociedade brasileira. O mito das três raças como explicação do nascimento do
homem brasileiro não foi suficiente para acabar com o racismo, o qual agora
existe de maneira velada, escondido atrás de uma falsa democracia racial como
já apontava Florestan Fernandes. Contudo, vale a pena observar que, embora o
racismo não esteja extinto e ainda existam desigualdades sociais alarmantes, não
existe uma segregação racial, étnica ou religiosa tão destacada na sociedade
brasileira como a que se viu nos exemplos citados anteriormente, ao redor do
mundo. Obviamente, não podemos desconsiderar os recentes ataques pela
internet aos nordestinos (tema do enredo de uma escola de samba em 2011), as

agressões a jovens homossexuais, e este preconceito racial velado, todos
indícios da existência de grupos intolerantes e preconceituosos contra minorias
(isso sem falar do preconceito contra as mulheres). Porém, daí a comparar a
sociedade brasileira com a África do Sul do Apartheid não seria coerente com a
realidade nacional.

Para termos uma ideia da importância dessa temática, bem como do aceno
positivo do Brasil para lutar contra qualquer tipo de segregação, a ONU
(Organização das Nações Unidas) e o governo brasileiro criaram um site
específico sobre gênero, raça e etnia em março de 2011. O site do PNUD, o
Programa Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia foi
feito em parceria com outros órgãos vinculados à ONU, como a OIT e UNICEF,
tendo como objetivo defender e propagar a incorporação da equidade de gênero
e de cor/raça na gestão pública. Obviamente, esse assunto é mais complexo do
que pode parecer, principalmente quando traz em sua esteira outras questões
como a construção de uma identidade nacional e a ideia de pertencimento à
nação, apenas para citar alguns exemplos.

Por isso, a promoção de fóruns de discussão por toda a sociedade, para além
das escolas e universidades, é uma importante ferramenta na compreensão e
formulação de alternativas mais justas e tolerantes para que possamos conviver
com a diferença em um mundo que se diz “global”.
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